Arquivo | maio, 2008

Trabalhos acadêmicos IV

13 maio

CASO BANAL
A importância que a mídia dá a fatos banais e sem relevância

Confesso que muitas vezes me decepciono com a profissão que escolhi. Não pelo salário, isto é relevante perto da paixão que tenho pela escrita, pela arte de informar e de ensinar. Isso sim é jornalismo!
Me decepciono com o fato dos jornalistas terem a faca e o queijo na mão, ou melhor, o poder de administrar o conhecimento e simplesmente não o fazem. Não o fazem quando ao invés de abordarem e cobrarem do governo medidas que sejam eficazes contra à dengue, preferem falar do Ronaldo Fenômeno que resolveu pular a cerca e ir pro motel com travestis. Isso seria relevante, mas não para ele que deveria ser exemplo aos meninos que sonham jogar futebol no Brasil.
Ao invés de cobrarem respostas da CPI da Pedofilia, dos cartões corporativos, enfatizam a morte da menina Isabella. Não que eu não ache importante o debate sobre este caso, pelo contrário, acredito sim que há um crime, e que esse crime deve ser esclarecido.
Eu vejo que a nossa imprensa têm se importado muito com a quantidade, quantidade de ibope, de jornais e revistas vendidos, e se esquecido da qualidade, qualidade de grandes reportagens, sejam aquelas feitas na Amazônia, sejam aquelas feitas pra desvendar fraudes.
Nessa circunstância me lembro do Cláudio Abramo que viajou o litoral paulista de ponta a ponta somente para descobrir porque o peixe chegava caro em São Paulo, numa grande matéria feita para o Estado de São Paulo. Isso me faz ter vontade de ter nascido naquela época que não tinha internet para apuração, somente para apreciar uma boa notícia escrita.
Essa é a minha decepção, infelizmente temos o poder de alarmar o universo com os nossos furos jornalísticos, com a nossa arte de escrita, temos excelentes repórteres, mas não aproveitamos tudo que temos para fazer um jornalismo digno, digno de comprometimento com a verdade, comprometimento com a sociedade que visa formar um mundo melhor. Escrevo isso não somente como estudante, mas como jornalista que sou e que me decepciono inclusive com o meio no qual trabalho.

 

Trabalhos acadêmicos III

2 maio

Aqui neste espaço, como fora escrito anteriormente, vou publicar meus trabalhos.
Vou postar aqui um trecho de uma entrevista feita com o apresentador da Rede Record, João Santos.

Da Bahia para o Brasil

Perg.: Você fala que sofreu racismo, para você o Brasil é racista?
Sim, claro. Apesar de algumas leis tentarem acabar com esse preconceito, com o racismo. Mas infelizmente, no país existe o racismo velado e o racismo declarado.
O racismo velado é quando o governo cria uma lei de que nos comerciais, nas propagandas deve ter uma porcentagem de negro. É claro que aquele negro está ali apenas para cumprir a lei. Entretanto se não existisse essa lei, como não existia antigamente, não seria assim.
E o racismo declarado é o racismo que existe de boca, aquele que as pessoas xingam, denigrem a imagem de outros, enfim, isso ai a gente conhece bastante no dia a dia de cada cidade, de cada capital do país.

Perg.: Como foi pra você receber o convite para vir a São Paulo ser um dos principais âncoras do Record News?
São Paulo pra mim, seria o último lugar do mundo para vir trabalhar. Eu pensava em ir para outras praças, mas nunca São Paulo. Me fizeram o convite e eu fiquei muito honrado em ser escolhido, pra mim foi uma alegria, tanto que na equipe dos apresentadores da Record News, eu sou o único que vem de outra praça, venho de Salvador na Bahia. Em sua maioria, os 99% dos apresentadores já estavam aqui. Bem, aqui em São Paulo eu continuo minha caminhada, fazendo sempre o melhor, procurando a perfeição, apesar de saber que a perfeição está muito distante. Você acerta hoje e erra um pouco amanhã, mas nos lapidando a cada dia.

Perg.: E pra finalizar, qual é a mensagem que você deixa para os “aspirantes à jornalistas?”
No Brasil, eu percebo que as universidades são declaradamente um mercado. Há pouco tempo tivemos o caso de uma faculdade em que um garoto de 8 anos passou para o curso de direito. Bom, eu não sei como foi esse processo seletivo, como ele se deu, mas estou citando apenas para ilustrar, que faculdade virou um mercado. Cabe ao estudante procurar uma instituição que tenha idoneidade junto ao Ministério da Educação, que o curso seja reconhecido.
Do outro lado, vem a satisfação pessoal. Eu quero ser jornalista, mas eu não posso ser um jornalista apenas idealista. Nem sempre as minhas idéias serão aceitas, ou quase nunca aceitas, ou talvez aceitas. Na realidade eu tenho que buscar o seguinte: que bom se as minhas idéias pudessem ser aplicadas na ecologia, na administração da cidade, na administração do país, com o síndico do meu prédio, no serviço de saúde, ou na política, mas eu devo entender que não posso mudar o mundo sozinho.
Eu vejo que tem um grande número de estudantes que querem fazer jornalismo, que fazem jornalismo, e acham que vão mudar o mundo, mas não é por ai. Quando eles se formam, concluem o curso, e partem para o mercado de trabalho, muitos ficam desempregados. Eu não sei se existe mercado para todo mundo, mas isso eu não estou falando pra desincentivar a pessoa, o que eu estou dizendo, é que nem sempre as minhas idéias serão compradas pela maioria, ou serão aplicadas, por isso muitos ficam frustrados. Portanto, antes de você ser jornalista idealista, seja um jornalista profissional, um jornalista da notícia, da informação, um jornalista verdadeiro. Um jornalista que vai passar o que realmente está acontecendo. Mas ai você pensa, que muitas vezes o jornalista não vai fazer a vontade dele de falar a verdade, mas ele tem que ser o mais isento possível, porque os seus desejos, os seus princípios vão ficar com você, mas você tem que ser profissional. Com toda a certeza isso vai fazer de você, um jornalista feliz.