Arquivo | julho, 2008

Trabalhos Acadêmicos V

9 jul

Vida de camelô
A rotina de um brasileiro que vive do comércio popular


José Justino tem quarenta anos, nasceu e cresceu no Piauí. Há vinte anos está em São Paulo.
Como muitos do nordeste brasileiro, veio a São Paulo em busca de uma vida melhor. Aqui ele, a mulher Lúcia e os dois filhos moram na periferia de Taboão da Serra região metropolitana da cidade, Ele conheceu Lúcia há dez anos aqui mesmo, ela é empregada doméstica, trabalha de segunda a sábado para um jornalista “free-lancer” de um grande veículo de comunicação.
Justino já teve diversas profissões nesta vida, desde auxiliar de cozinha a pedreiro, mas não se deu bem em nenhuma delas. Por último resolveu se arriscar trazendo bugingangas do Paraguai, isso já dura uns cinco anos. Menos o lugar em que ele montou sua barraca. Nos últimos cinco anos já passou por diversos locais da cidade:
– Já vendi na Sé, na Luz, lá na Teodoro em Pinheiros, agora tô lá na 25 de Março.
Justino acorda todos os dias às três e meia da manhã, arruma as diversas bolsas e as coloca num gol quadrado, ano 93. Às terças- feiras vai a Santa Ifigênia comprar eltrônicos portáteis como rádio fm, mp3, para vender. Lá ele tem os fornecedores que sempre facilitam o pagamento dos produtos. Pelo centro da cidade mesmo, ele compra outros produtos que vende que vão de canetas, cadernos e agendas a bolsas e carteiras, além é claro dos eletrônicos.
Justino ainda nos explica que ficou muito difícil ir para o Paraguai devido a fiscalização que foi reforçada, e ele nos fala que não tem dinheiro suficiente para pagar a propina dos federais que fcam na fronteira. Ele prefere negociar com os ‘camaradas’ que vão e têm dinheiro suficiente para acertar com os federais.
Justino gosta da vida de camelô, a única dificuldade que ele tem é a de fugir do “Rapa” quando chega na rua onde trabalha. Segundo ele, o lucro mensal pode chegar aos dois mil reais livres mais o salário da mulher. Para ele, ser comerciante é melhor que trabalhar de empregado para os outros:
– Você pode fazer o seu horário, não tem patrão pra ficar enchendo o saco, você faz a sua rotina.Quando tem movimento tem, quando não tem, paciência, tenho que acreditar que o dia de amanhã vai ser melhor, se Deus quiser.